A CROMOTERAPIA no antigo Egipto


Os Papiros de Edwin Smith e Georg Ebers

Como muitas ciências da actualidade, a CROMOTERAPIA de hoje teve as suas raízes no passado...
O tratamento pela cor ou Cromoterapia também já era utilizado no antigo Egipto, o que é documentados por diversos achados arqueológicos, como os "Papiros de Edwin Smith e de Georg Ebers".




Segundo o Prof. Reuber Amber, autor do livro “Cromoterapia – A Cura através das Cores”, alguns arqueólogos encontraram em alguns templos egípcios evidências de pequenos compartimentos construídos com uma abertura no teto de modo a permitir a entrada do Sol para tratamentos de saúde. Os  "médicos" diagnosticavam as doenças e depois encaminhavam os pacientes para uma dessas salas, onde recebiam a radiação colorida necessária para o seu restabelecimento orgânico. Complementarmente a este tratamento usavam amuletos e rituais de culto para ajudar a cura.

Genericamente as salas de tratamentos, chamadas de “Hat Ankh” ou Castelos da Vida, ou ainda Sanatórios de Cura, eram construídas em pedra ou em tijolos, onde os sacerdotes-médicos praticavam hidroterapia, sonoterapia, hipnose e a cromoterapia pelo uso de flores e pedras preciosas coloridas. Esses procedimentos eram rigorosamente supervisionados pelos sacerdotes especializados, iniciados nos mistérios da magia e profundos conhecedores dessas ervas e pedras curativas.

O Templo de Kom Ombo parece ser o único que ainda conserva as “Hat Ankh”, que podem ser vistas na sua parte final, em número de sete. Também, no templo de Esna existe uma invocação ao Deus Knum, gravada nas colunas da sala hipóstila, que comprova ter existido aí uma das “Hat Ankh”: “Como é bela a tua face, quando estás na “Hat Ankh” curando os doentes e libertando do mal aqueles que te procuram.”


A relação dos deuses egípcios com a cor comprovava o profundo conhecimento daquela civilização quanto ao efeito cromático.


Por exemplo:

THOT, representado pela cor azul, tinha o poder de despertar os centros espirituais do cérebro;



ÍSIS, com o seu raio amarelo, era responsável pelos estímulos da mente do homem;


OSÍRIS, com o seu raio vermelho ardente, era responsável pela vida do homem.


Thot - Osíris - Isis

Os egípcios também já empregavam a técnica da água solarizada como remédio, pois acreditavam que uma Energia Superior (Rá/sol) tudo impregnava, tal como acontecia com as pedras preciosas e semi-preciosas e flores de diversas cores. Para além de actuarem pela acção da cor, exerciam a sua influência benéfica pelas fórmulas mágicas que lhe estavam associadas e gravadas.
















Todas essas crenças, baseadas na utilização das cores como terapia médica, levavam em consideração a analogia entre a cor com a qual se manifestava o sintoma ou a doença e a cor usada para a cura. Os médicos egípcios acreditavam na acção neutralizante da radiação das cores, usando de forma localizada a coloração idêntica pela qual se apresentava determinada patologia.

Por exemplo:
No tratamento da icterícia, que se caracteriza pelo aumento de bilirrubina no sangue, com deposição desse pigmento na pele e mucosa, apresentando a coloração amarelada, era usada a cor amarela como terapia, através de flores e pedras preciosas.
Em caso de hemorragia, evidenciada pelo derramamento de sangue, onde se observa a sua cor vermelha, bem como de doenças cardiovasculares, utilizavam como tratamento a cor vermelha em flores e pedras preciosas.

Por volta do ano 3000 a.C. foi escrito um verdadeiro tratado sobre anatomia humana por Sekhem-Athotis, Faraó da I Dinastia. Mais tarde, na III Dinastia, o sacerdote Imhotep funda a primeira escola de Medicina da Humanidade no grande templo do Deus Ptah, época em que se aprimoraram as técnicas de mumificação e embalsamamento, com registo em papiros que eram difundidos por outras escolas criadas nesse tempo.

Os papiros médicos

Edwin Smith
Entre os restos de uma múmia, num dos túmulos de Assasif, perto de Tebas, encontraram-se dois papiros. Ambos foram parar às mãos do coleccionista e comerciante Edwin Smith no ano de 1862. Sabe-se que Edwin Smith logo reconheceu o valor destes papiros, mas nunca chegou a apresentar nada sobre eles. Um deles, mais tarde, foi comprado pelo egiptólogo alemão Georg Ebers, do qual adquiriu o seu nome. O outro papiro continua na posse de Smith até à sua morte em 1906, quando a sua filha o doou ao New York Historical Society. Mesmo assim, o papiro fica abandonado até 1920, quando o arqueólogo, egiptólogo e historiador americano James Henry Breasted se incumbiu de traduzir o seu conteúdo. Em 1930, Breasted conclui a sua tarefa, publicando a sua tradução comentada.
Logo com o resultado do trabalho de Breasted, o Papiro de Edwin Smith se revelou o tratado científico sobrevivente mais antigo conhecido, contendo o conhecimento médico dos antigos egípcios. 

Papiro de Edwin Smith 

É um texto de medicina da antiguidade egípcia e o mais antigo tratado de  cirurgia traumática conhecido na actualidade. Data de cerca de 1700 a.C., entre as dinastias 16 e 17 do segundo período intermédio. O seu texto consiste basicamente da apresentação de 48 casos, cada um dividido em quatro ou cinco secções: título, exame, diagnóstico, tratamento (se recomendado) e um glossário (com explicações de termos obscuros). São descritos de forma sistemática de acordo com a parte do corpo afectada, iniciando pela cabeça, descendo pelo tórax e espinha onde o documento é interrompido. 
Trata-se de uma obra única entre os quatro principais papiros relativos à medicina que se conhece. Enquanto os restantes, como o Papiro Ebers e o Papiro Médico de Londres são textos de medicina baseados sobretudo em magia e superstição, o Papiro de Edwin Smith apresenta uma abordagem racional e científica à medicina praticada no antigo Egipto, na qual ciência e magia não entram em conflito, recorrendo-se a esta última apenas para explicar os casos de doenças misteriosas, como as doenças dos órgãos internos.


Papiro de Edwin Smith
A autoria do Papiro de Edwin Smith é ainda alvo de debate, tendo a maioria do documento sido escrita por um único escriba, e apenas secções muito pequenas copiadas por um segundo escriba. O papiro termina abruptamente a meio de uma linha de texto, não havendo qualquer nota explicativa. Pensa-se que o documento será uma cópia de um eventual manuscrito de referência mais antigo, em função da gramática arcaica, terminologia, forma e notas. O texto é atribuído por alguns a Imhotep, arquitecto, alto sacerdote e médico do Império Antigo.


O Papiro de Ebers.

Papiro de Georg Ebers foi escrito no Antigo Egipto e é datado de aproximadamente 1550 a.C. É o melhor conservado e no qual constam 875 prescrições de tratamento de doenças, incluindo uma descrição precisa do sistema circulatório, e onde também há referência à Terapia das Cores com o uso de flores e pedras preciosas.
Actualmente o papiro está em exibição na biblioteca da Universidade de Leipzig e foi baptizado em homenagem ao monge alemão Georg Ebers que os adquiriu em 1873.

Papiro de Ebers
Papiro de Ebers

Os egípcios mostravam um elevado grau de compreensão do corpo humano, a sua estrutura, o trabalho dos vasos sanguíneos e do coração, anatomia e fisiologia, toxicologia e magias (com inúmeros encantamentos destinados a afastar os demónios causadores de doenças).

Um dos ingredientes mais comuns dos medicamentos mencionados no papiro é o ocre ou argila medicinal. É prescrito para inúmeros problemas intestinais e problemas oculares. O ocre amarelo também é usado em queixas urológicas.

Nefertiti - Museu de Berlin
Outro ingrediente é o cosmético usado para a pintura dos olhos - um pigmento feito à base de chumbo ou antimónio, produto tóxico misturado com carvão e cinzas. Aliás, grande parte das substâncias coloridas que os egípcios usavam para se maquilhar era venenosa, como a galena, sulfato natural de chumbo de cor cinza azulado, ou a malaquite, óxido de cobre de cor esverdeada. Normalmente, o chumbo é considerado tóxico. Mas ele pode ter efeitos positivos em concentrações muito baixas. Os egípcios já tinham este conhecimento! Numa época sem antibióticos os benefícios do uso do chumbo compensavam os riscos. Bactérias eram abundantes nas águas paradas que o rio Nilo deixava antes da sua cheia anual. Por isso, os egípcios usavam os seus cosméticos para prevenir ou tratar infecções oculares.


Fundamentos da ciência médica racional, tal como hoje é praticada, foram criados nestes centros para pesquisar doenças e tratamentos. A ideia de recriar os sintomas, desenvolvida pela Homeopatia e vacinas, já era utilizada através de flores, pedras preciosas e água solarizada nas mesmas cores que o corpo apresentava quando se manifestava determinada enfermidade. Essas escolas da Terra dos Faraós gozavam de enorme prestígio no mundo da época e eram frequentadas por jovens vindos de diversos países vizinhos para o estudo da arte de curar, como foi o caso de Hipócrates que chegou ao Egipto com dezanove anos de idade e aí  permaneceu por três anos.

Este video relata resumidamente, a importância dos Papiros Médicos para o conhecimento da medicina que se praticava no Antigo Egipto.


A Medicina no Antigo Egipto - Papiros médicos

 


Este video é um documentário impressionante das descobertas arqueológicas acerca dos diagnósticos, tratamentos, remédios e técnicas que os egípcios já utilizavam e que servem actualmente de base para muita da medicina moderna. Afinal a diferença parece estar apenas na tecnologia que hoje usamos, pois o desenvolvimento do acto médico dos egípcios era já muito avançado!


A Medicina no Antigo Egipto 
com fonte da Era Moderna


Prótese egípcia de um dedo do pé amputado


Fontes:
- "Ebers papyrus." Encyclopedia Britannica. Ultimate Reference Suite. Chicago: Encyclopædia Britannica, 2008
- Hans-Werner Fischer-Elfert (Hrsg.): Papyrus Ebers und die antike Heilkunde. Akten der Tagung vom 15. - 16.3.2002 in der Albertina/UB der Universität Leipzig. Harrassowitz, Wiesbaden 2005 (Philippika, 7)
- Allen, James P. "The Art of Medicine in Ancient Egypt". New York: The Metropolitan Museum of Art, 2005.
- Nunn, John F. "Ancient Egyptian Medicine". Normal, OK: University of Oklahoma Press, 1996.
- Breasted, James Henry. "The Edwin Smith Surgical Papyrus: published in facsimile and hieroglyphic transliteration with translation and commentary in two volumes". University of Chicago Oriental Institute publications, v. 3-4. Chicagop: University of Chicago Press, 1991.



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- "Cromoterapia"
- "Cristais"
- "Fazer Essências de Cor"
- "Meditar com o espírito das Cores"



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